Boa moto essa GSR 150. Testei hoje. Gostei!
Motor silencioso, uma sutil trepidação na marcha lenta mas basta acelerar que desaparece, não vibra mais nada. Ela não parece ter apenas 12 CV, é muito raçuda, sobe de giro rápido, motor cheio em todas as rotações, esteja a 2 mil como 5, 6, ou 8 mil RPM. Apesar de terem quase a mesma potência e torque, essa GSR 150 anda bem mais que a minha Intruder. Acho que também em relação à Yes 125 pois quando andei em uma, não senti tanto fôlego no motor.
Isso comprova o que eu sempre digo: não tem que ficar batendo cabeça em números de potência e torque, tem que sentir a moto nas ruas e estradas. Tem que conferir como é o rendimento e o aproveitamento do motor e não ficar discutindo se uma moto tem 9, 12 ou 14 CV.
E foi uma grata surpresa, o motorzinho 150 dela é muito bom e divertido de acelerar!
Ótimo acabamento, nota-se capricho em tudo, nos componentes, nos comandos, na pintura, nos cromados. O visual da moto de cor prata que eu testei me agradou muito. De aparência da Yes/GSR eu sou suspeito, odeio motos com rabetas empinadas ou faróis formigões. Por isso mesmo o design da Yes e da sua irmã mais nova para mim é muito bonito, quase perfeito, a não ser o paralama traseiro que não precisaria ser tão bicudo e a roda traseira que poderia ser montada um pouquinho mais para trás alongando levemente a balança traseira e a distância entre eixos. E sobre farol eu sou que nem o Henry Ford: uma motocicleta pode ter qualquer tipo de farol, desde que seja redondo!
Comandos macios, manoplas com ótima pegada e macias, painel muito legível, indicador de marchas que se enxerga os algarismos mesmo sob sol forte. Engates um pouco duros mas precisos, não escapa marcha nunca. Acelerador macio, embreagem levemente dura mas atribuo isso ao fato da moto ter apenas 1.000 Km rodados, a tendência é amaciar o cabo um pouco mais. Nas ruas de calçamento ruim ou na buraqueira, muito firme mas sem perder a maciez, a traseira a meu gosto estava firme até demais, mas é só questão de regular a pressão da mola. A dianteira eficiente mas com o tradicional "clanc" nos buracos mais fortes devido ao paralama de plástico. Isso é o mal dos motos modernas, pancadas na frente por causa de suportes metálicos junto com paralamas de plástico. No asfalto em boas condições a moto desliza suavemente. Acredite, moto pequena com conforto de moto grande!
Banco bom e largo, distância do guidão e pedais adequadas (tenho 1,72 m). Você senta e pronto: vestiu a moto! Só continuo não gostando do guidão demasiadamente baixo. Eu nunca vou acostumar com isso, apesar de todo mundo dizer que moto street/naked é questão de acostumar com a pilotagem meio curvada para a frente e muito apoio de braços no guidão. Mas eu não consigo, em pouco tempo as minhas costas reclamam.
Freios ótimos, nada a ver com os freios ruins que equipam a Intruder 125. A moto pára mesmo! Retinha, sem ruídos, sem guinchos odiosos de pastilhas ou lonas.
Ela passa muita confiança, muita estabilidade, cinco minutos rodando e você já quer encostar o joelho no chão.
Aplicando carga no motor, até uns 4 mil RPM ela dá uma roncadinha e revela ruído de válvulas batendo quase imperceptível, Mas depois disso, o motor vira apenas um zumbidinho, sem vibração. Para quem tem Intruder como eu, andar em uma moto com motor silencioso e que não vibra, é inacreditável. Tem horas que a gente sabe que a GS 150 está andando porque está vendo as coisas passarem, de tão suave é o funcionamento dessa moto.
Nas subidas ela mostra força de vontade, vence com facilidade. Se começar a negar fogo, baixe uma marcha e eleve um pouco o giro e será o suficiente para completar a ladeira. Mas convém lembrar que eu estava sozinho e peso cerca de 75 Kg. Com carona ela certamente vai demonstrar que não faz milagres apesar de ter um motor bem torcudo. Torcudo mesmo, ele empurra com vontade, talvez venha daí a afirmação de que "ela dá coices".
E não pensem que a sexta marcha dela é uma quinta disfarçada. O escalonamento de marchas é constante, não tem marcha curta, com exceção da primeira. Da marcha 2 até a marcha 6, a moto cresce linearmente a velocidade. E definitivamente, um motor de 12 CV com uma última marcha que dá cerca de 4,2 mil RPM a 60 Km/h e 6 mil RPM a 80 Km/h, não tem disfarce, são 6 marchas efetivas, sendo a sexta para uso no plano e velocidades altas.
A propósito, na cidade entre 40 e 60 Km/h, não tem por que usar sexta marcha. Até uns 70 Km/h, usa-se as marchas de número 3, 4 e 5. Se esticar a rotação, ela vai pedir sexta marcha depois dos 80 Km/h. Em quinta marcha ela marca 60 Km/h a 5.000 RPM. Ou pode-se andar na quarta marcha a 50 Km/h marcando 5 mil RPM. Minha Intruder a 60 Km/h está passando dos 5 mil RPM. E a GS 150 tem ainda a sexta marcha!
A 80 Km/h em asfalto mediano, ela deslizava. Zero de vibração, zero de ruído, apenas o vento no capacete. Como é que a Suzuki conseguiu um motor de baixa cilindrada tão silencioso, tão suave mas ao mesmo tempo tão firme e forte?
A relação velocidade/rotação em última marcha é mais do que suficiente. Em rodovias tem-se uma moto firme e dócil a 80/90 Km/h, com uma sobrinha no contagiros para ultrapassagens. Lembrem-se de que moto de 12 CV e pouco mais de 100 Kg de peso é para andar a 80 Km/h. Se quiser andar a 110 Km/h não compre esse tipo de moto, poderá se sentir frustrado. Eu insisto: se você que andar ligeiro do jeito que a galera gosta, compre uma Fazer, uma Twister, uma CB 300. Não compre a GSR. Mas se você quer uma moto bem construída, com ótimo desempenho para os seus 12 CV, silenciosa, suave e confortável, acho que a GSR foi feita para você.
Para uso de preferência individual e urbano, com eventuais viagens em ritmo tranquilo, tipo de 80 até 100 Km/h, não tem nem necessidade de gastar quase o dobro para comprar uma moto 250 ou 300 cc. Para meu perfil que sou muito sossegado para andar, ando quase todo tempo sozinho, pego estrada raramente, essa moto estaria perfeita. Já tive motos maiores e bem mais potentes mas hoje não vejo mais sentido nenhum nisso. Infelizmente, permanece a minha implicância com o guidão demasiadamente baixo que no test drive de uns 20 minutos já começou a incomodar a minha lombar. E é inviável trocar, os cabos estão todos no limite do comprimento, colocar um guidão mais alto vai ter alterações de cabeamento, custo e mão de obra que não valem a pena, além de alterar a ciclística da moto pela transferência de peso.
Por mim, moto aprovada, vale o preço que estão pedindo, por ser uma moto realmente muito boa e evoluída em relação à Yes 125 e por ter o nome Suzuki carimbado nela. Apesar de tantas críticas à J. Toledo e à marca Suzuki, esse é ainda um nome respeitável, mesmo na baixa cilindrada de origem chinesa. Tanta porcaria chinesa a gente vê sendo vendida a 5, 6 ou 7 mil reais que essa GSR acaba sendo um ótimo custo/benefício.
Sobre a injeção eletrônica da GSR nem precisa falar, impecável. Não tem mais o que dizer. Gostaria de ver a Intruder 125 com esse motor da GSR. Mas enfim, a Suzuki não tem esse modelo, então eu diria que, quando eu trocar de moto, talvez eu tenha que acostumar com esse abominável guidão baixo, porque essa GSR é uma ótima opção e vou considerar seriamente a aquisição de uma.
Recomendo experimentar a GSR. A única decepção talvez seja não ter o dinheiro na mão pára comprá-la, ou não gostar da posição de pilotagem mais esportiva. Porque o conjunto da moto não tem como desagradar quem já anda em moto de baixa cilindrada.