Dentinho,
terei o maior prazer em responder às perguntas formuladas.
Para começo de conversa, o amigo está certo:
carro é carro e moto é moto. Aliás, parafraseando o digníssimo Adílson Maguila, "Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa..."
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E é exatamente por serem veículos diferentes que busquei indicar aos amigos do Motonline um óleo que se comportasse mais adequadamente, provendo as motocas de uma maior proteção.
Quando critiquei os óleos ditos "específicos para motos", o fiz baseado nas seguintes observações:
1ª) Qual o porquê dos óleos automotivos terem evoluído para padrões API como o "SL" ou, até mesmo, "SM" e os produtos para motos terem parado no tempo, acumulando uma defasagem de 25 anos no padrão API. Não há qualquer lógica nisto, haja vista que os motores, em si, produzem os mesmos subprodutos de combustão e enfrentam, no dia-a-dia, intempéries e esforços semelhantes, com larga desvantagem nas motos em função da refrigeração a ar (muito mais precária), das altas rotações (motores monocilíndricos) e, principalmente, em função da presença de uma caixa de marcha e embreagens acopladas ao mesmo sistema de lubrificação;
2º) Qual o porquê dos óleos que atendiam à "JASO MA" terem custo tão elevado se, em síntese, representavam óleos tão baratos de fazer, com aditivação medíocre frente à utilizada nos óleos automotivos;
3º) Qual o porquê de, após tanto pesquisar na internet, não conseguir deixar de pensar que era feito de trouxa pelas empresas petrolíferas...
Bom, parti então para o teste de campo. O laboratório não poria motos alheias em risco, pois eu estaria utilizando a minha própria moto no teste. Uma Intruder 08/08 zerada, com coisa, na época, de 327 kms rodados, seria a cobaia das minhas experiências.
E o que eu ganhava mudando o tipo de óleo (começo, agora, a responder ás perguntas do amigo)?
Bem, eu sabia que num óleo 10W - 40 ou 15W - 40 eu teria uma circulação do lubrificante, nos primeiros momentos do funcionamento do motor, muito mais rápida do que se estivesse a utilizar o tal 20W - 50. Além disso, eu tinha em mente que se o óleo chegasse mais rápido às partes altas do motor, eu teria menos desgaste das peças móveis do cabeçote e ainda submeteria a bomba de óleo a menores pressões de bombeamento (óleo mais fluido é mais fácil de bombear...).
Além disso, eu já acompanhava a um bom tempo o relato dos amigos do Motonline, onde sempre havia a menção de que os óleos das motos, depois de rodados apenas 1.000 kms, já se encontravam parecendo água, de tão fluidos, e muito escurecidos, o que já me mostrava muita perda da viscosidade e das propriedades físico-químicas destes óleos. Afinal de contas, o óleo perder viscosidade é normal e ficar sujo, idem. Mas em 1.000 kms isto acontecer, já era demais.
Experimentei, primeiramente, o Valvoline Durablend Synthetic, um óleo semi-sintético 10W - 40, cujo API se encontrava no padrão "SM". Fui com este óleo até os 1.500 kms. Com medo de que a embreagem pudesse começar a patinar, andei com a moto, nesta época (ainda fase de amaciamento), muito manso e apenas conclui que, se houvessem problemas, não estariam relacionados ao uso do óleo apenas.
Aos 1.500 kms, nova troca e optei, novamente, pelo Valvoline.
Até os 3.000 kms, nada de mal aconteceu à motoca. Muito pelo contrário, como rodo muito em estradas, percebi que minha moto começava a se comportar de maneira diferente, mais "solta" em comparação às demais 125 que eu encontrava.
Mas era preciso algo mais. Afinal de contas, o Valvoline, apesar de ser "SM" e 10W - 40, nas duas trocas, saíra da moto parecendo água suja, com evidente perda de viscosidade.
Pensei, então, o seguinte: preciso de um lubrificante que resista aos esforços impostos pela caixa de marcha e pelas embreagens banhadas a óleo. Preciso de um óleo que seja mais resistente e que seja direcionado a um uso muito severo.
E o que foi que eu achei?
O Lubrax Top Turbo.
E como eu o encontrei?
Reparei que no site "Bob is the oil guy", muitos motociclistas admiravam entusiasmados o desempenho do óleo Shell Rotella T 15W - 40 API CJ - 4/SM mineral. Ao observar e pesquisar o porquê, ficou claro que o produto não perdia a viscosidade mesmo depois de um longo período de uso e que combatia eficazmente a formação de ácidos dentro do motor, o que já eram duas qualidades elogiáveis no tal Shell Rotella.
Aí, busquei algo igual no Brasil.
Foi difícil, pois os óleos geralmente eram feitos apenas para o uso em motores diesel e não para frotas mistas. Mas acabei achando o Lubrax Tec Turbo 10W - 40 e o Top Turbo 15W - 40.
Este último tinha custo mais baixo e repetia, em muito, as características do Shell Rotella T americano.
Pronto! Estava feita a minha escolha.
Tasquei o óleo na moto, trocando junto o filtro e, para minha total surpresa, ao submeter a "Mulata" a uma arrancada, com o motor girando alto, em uma ladeira muito íngreme, nenhum cheiro de queimado surgiu oriundo da embreagem, ao contrário do que ocorrera antes, quando a moto ainda se encontrava com o Moto GP Lubrax original de fábrica (a tal ladeira, é a entrada da garagem da minha casa...
).
Simpesmente a moto arrancou com perfeição.
E o motor foi girando macio, redondo, como nunca antes girara.
E se passaram mais de 1.500 kms desde a primeira utilização do Top Turbo sem que a motoca desse qualquer sinal de problema.
O que pensar?
O Lubrax Top Turbo, Dentinho, foi um óleo desenhado para operar "full time" debaixo de pau, de pé embaixo com cargas elevadas nas costas, o que já o habilita à utilização em motores de giro elevado, muito calor e carga mecânica relativamente baixa, desprovidos de bronzinas nos mancais de virabrequim.
Por isso o escolhi.
Quanto ao comportamento físico-químico do mesmo, basta relembrar o que eu disse a respeito dos aditivos "melhoradores do índice de viscosidade". Neste tipo de óleo, todos os aditivos - e não apenas os "melhoradores" - são mais caros e mais reforçados, já pensando no uso severo a que será submetido o óleo. Não há a perda acentuada de viscosidade como a que ocorre em óleos de moto comuns e de automóveis, pois a durabilidade do lubrificante precisa ser grande e apta a proteger motores muito caros por períodos muito longos, que chegam até a 45.000 kms.
Por estas razões todas, acho que o amigo deve usar o produto sem medo. Minha moto está ótima, andando muito sem reclamar e eu estou gostando mesmo do produto.
Aliás, acabei de fazer a primeira troca. O óleo saiu sujo, porém sem aquele aspecto de queimado. Além do mais, estava viscoso, mesmo após ter rodado 1.500 kms. Em nada lembrou o Moto GP Lubrax que retirei da moto quando a mesma tinha menos de 100 kms rodados e o Valvoline Durablend.
Um abraço a todos.