Pessoal,
o tópico está tendendo ao aprofundamento da discussão, o que é excelente.
Mas vamos ao que interessa, respondendo às dúvidas.
Quando compramos um óleo para moto e na embalagem do mesmo vem escrito "15W - 40", precisamos saber que o óleo surgiu a partir de um lubrificante com viscosidade 15W e não 40, como muitos poderiam imaginar.
O que dota um óleo a base de petróleo (quase a totalidade, nos dias de hoje...) de um SAE 40 a 100ºC são os aditivos de que tenho falado e que são conhecidos como melhoradores do índice de viscosidade (os VII's em inglês).
Já sabemos que quanto mais aditivos deste tipo, maior será o índice de viscosidade em si. Mas, nas motos, por conta das engrenagens de câmbio e da embreagem, mais propício à perda precoce da viscosidade será também um óleo muito aditivado com os melhoradores (VII's), pois estes (os aditivos) não resistem ao stress mecânico destes componentes e as moléculas destas substâncias acabam por se desnaturar.
Como fugir deste fenômeno e obter um óleo que dure mais e proteja melhor o motor, a caixa e a embreagem?
Simples, basta que se obtenha um óleo que não necessite dos melhoradores de índice de viscosidade ou, pelo menos, que os tenha em menor quantidade.
Assim, se um óleo mineral é 10W - 40, já sei que, partindo de um óleo com SAE 10 frio (0ºC), terei de chegar, por meio dos VII's, a uma viscosidade SAE 40 a 100ºC.
Mas sei também que será mais fácil fazer o mesmo se eu tiver como ponto de partida um óleo base que é mais viscoso, ou seja, que é 15W ou 20W. Nestes dois casos, para obter uma melhora do índice de viscosidade, necessitarei de menor aditivação.
Assim, estou afirmando que, no caso de um óleo mineral de motocicleta, para as gradações 15W - 40 ou 20W - 40, haverá mais estabilidade que em um lubrificante de grau 10W - 40.
Será que fui claro?
Mas por que será que fiz questão de falar sobre um óleo mineral, ou seja, derivado de petróleo?
Ahhh, porque há óleos que, dependendo da sua composição, não necessitarão dos aditivos melhoradores do índice de viscosidade e, por isso, serão muito mais estáveis e resistentes ao stress mecânico e térmico dos nossos motores refrigerados a ar.
É o caso dos óleos genuinamente sintéticos.
Genuinamente sintéticos são, hoje em dia, os PAO's (óleos cuja base são as polialfaolefinas), mais baratos, estáveis, mas ainda dependentes de uma certa dose de aditivação e os Ésteres (são compostos orgânicos que reagem com a água para produzir álcoois e ácidos orgânicos ou inorgânicos) e Poliolésteres, estes últimos, lubrificantes surgidos dos aditivos que compõem os lubrificantes.
Nestes casos, como a base do óleo é formulada pela própria engenharia química, muitas vezes são compostos que dispensam o uso de aditivos VII's (os tais melhoradores) e que conseguem suportar o stress mecânico e térmico com muito maior marge do que qualquer composto mineral.
Mas até nestes casos, a formulação, às vezes, é falha. Um exemplo disso é o Mobil 1 0w - 40 SuperSyn para carros. No meio automobilístico é um óleo aclamado. No motociclístico, desprezado, pois várias análises desse óleo, quando usado em motocicletas, revelaram acentuada perda da viscosidade em um curto período de tempo, o que evidenciou sua inadequação para o uso nestes tipo de veículos.
O que teria acontecido neste caso?
Bom, tenho em mente que deve ser muito complicado, partindo-se de um óleo SAE 0W chegar a um SAE 40 a 100ºC, mantendo esta viscosidade na fase quente com boa dose de estabilidade.
Sentiram como a coisa é complicada, galera?
Bom, desta forma, corri para uma solução que passo para vocês: troquem o óleo sempre antes do prazo colimado pelo fabricante!
Um óleo, qualquer que seja ele, perderá suas características básicas em um determinado momento, mas isto não quer dizer que ele ainda estará dentro dos nossos motores quando isto acontecer, não é mesmo!?!
O melhor óleo é aquele que tiver um API superior, ou seja, que possuir um API de última classificação, haja vista a maior resistência às temperaturas altas, a maior carga de aditivos contra a formação de vernizes, borras e de proteção contra o cisalhamento, além de maior basicidade (poder de neutralização de ácidos).
Aí, Guilherme, é com você. Se há óleos com API já no grau SL e o amigo optará por um que tem API SJ (quanto mais alta no alfabeto a letra após o "S", mais avançado é o lubrificante...), é questão de opção. No entanto, é bem verdade que se levarmos em comparação o óleo que é indicado para as Suzukis (o Moto GP, cujo API é ainda "SG"), este óleo da Repsol é coisa deveras mais avançada.
No que concerne à viscosidade, um óleo 15W - 40 me parece bem estável.
Acho que será bem difícl o amigo ter problemas.
Se o preço compensar, não vejo o porquê de não comprar. Mas, pessoalmente, eu preferiria correr atrás de um óleo com API SL ou até mesmo SM.
Bom, sobre os aditivos para redução do atrito, Sevla, eles realmente existem nos óleos convencionais com API mais elevado. Muita gente os aborda quando se refere à presença de molibidênio na composição dos lubrificantes, mas a pergunta que jaz não respondida, até os dias atuais, é: o que exatment causa a patinação das embreagens úmidas/banhadas a óleo?
Um estudo americano revelou que o mais comum é a patinação ocorrer pela deposição de detritos metálicos em suspensão no óleo por sobre os discos de embreagem, o que me leva apensar que óleo velho e contaminado com limalha é que pode acabar com a embreagem e não o óleo novinho, seja ele do tipo que for.
Realmente, a questão das embreagens banhadas a óleo foi um prato feito para a publicidade terrorista das empresas petrolíferas. Até agora, depois de 3000 kms rodados com óleos tipicamente automotivos, não tive sequer uma patinação de embreagem e isto tem me deixado cada vez mais certo de que a causa dos problemas nestes componentes não tem correlação com o óleo em si.
Mas houve redução de atrito nos óleos sim, conforme houve a elevação do nível do API. Os óleos padrão SL promovem discreta redução nos níveis de cosnumo se comparados com os SJ, mas isto não os classifica como "energy conserving", como acontece com os óleos que apresentam viscosidade mais baixas, com SAE 20 ou 30 a 100ºC, no geral.
Bom, espero ter ajudado aos amigos e tenham creteza que este papo vai continuar. Pena que não tenhamos uma cerveja geladíssima para melhorar ainda mais o ambiente...
Um abraço senhores!!!