Tosca, concordo que para a Yamaha obter - e manter - o posto que realmente merece falta tudo isso que você mencionou. Só a força de um nome não é suficiente para a sobrevivência de uma empresa (vide a Suzuki, em queda livre e quase no fundo do poço, graças a estratégia controversa de seu representante oficial no Brasil).
A impressão que tenho é que os altos executivos da marca não levam nosso mercado a sério - contrariando o que outras marcas igualmente tradicionais vêm fazendo, pois cada vez mais têm apostado em nosso crescente potencial de consumo, e não falo somente de produtos baratos (casos da Kawasaki, Harley-Davidson e, mais recentemente, da BMW).
Talvez ela esteja nesse negócio apenas por hobby, talvez para fazer figura ou mesmo pra faturar um troco. Quem sabe a meta maior da marca não seja o mercado de instrumentos musicais? (parece uma hipótese absurda, mas que sabemos nós das pretensões dessas cabeças incompreensíveis que tomam as decisões atrás de suas mesas grandes e imponentes?)
O fato é que não me entra na cabeça como alguém que sempre teve tudo para estar no topo ou mesmo brigar de igual para igual com a liderança se deixa despencar de tal maneira, sem tomar sequer uma providência para reverter este quadro desastroso. Não posso afirmar com certeza plena, mas isso ilustra bem aquele espírito conformista e fatalista que caracteriza o populacho brasileiro: "se está lucrando um real, então está bom".
Quando digo que ela teve "a faca e o queijo na mão" não estou exagerando. Analisemos:
- Qual a 1.ª marca a fabricar motos no país? Yamaha.
Mas o que eu vejo bombando na teve e nas ruas é a Honda comemorando seus 40 anos de Brasil, com grande estilo e pompa. Merecidamente, diga-se de passagem.
- Qual a marca que praticamente inaugurou o segmento de motos chamadas "trail", sendo então copiada pelas demais? Yamaha.
Porém tamanha tradição e prestígio começou a morrer com as saudosas e maravilhosas Tenerés nos anos 90, e mais recentemente as famílias Nx (com Bros e Falcon) e a X (com XR 200 e Tornado) da principal concorrente se encarregaram de jogar a pá de cal sobre o defunto.
Hoje a Lander (a despeito de suas inúmeras virtudes) e a Terezinha (que mais desonra o nome das ancestrais do que presta algum serviço à marca) nem sequer figuram no ranking das 10 mais vendidas. Um fim lamentável e inglório, mais ainda em se tratando da "inventora" do estilo.
- Qual a primeira fabricante japonesa a instalar injeção eletrônica de combustível em motos de baixa cilindrada? Uma vez mais a Yamaha.
Mas hoje quem colhe os frutos, louros e honras é a Honda, eterna pedra no sapato, que não só inovou ao criar a tecnologia biocombusível para motos como também estendeu o "mimo" da IE até para as motonetas! Enquanto isso, bem, os usuários de Factor - criada pra desbancar a CG - permanecem sonhando com uma moto injetada. Puxem uma cadeira que seja confortável e esperem sentados amigos...
Sei que pode parecer que tomo partido da Honda, mas não é verdade. Ocorre que sou uma pessoa bastante perfeccionista, um verdadeiro "chato de galochas" e muito me indigna observar alguem chafurdando na lama à custa tão somente de sua própria incompetência, sem o mínimo de coragem e criatividade para sair de tal situação deplorável. Se fosse devida a fatores alheios ao controle e vontade do indivíduo, eu até levaria em consideração, mas definitivamente não é o que observamos no mercado de motos.
Me irrita mais ainda ver como há tanta gente endossando esta prática, prestando apoio ou solidariedade às marcas "ruins" por questões, eu diria, puramente partidárias - se é líder, então, sou contra - enquanto deveriam estar combatendo e desencorajando este comportamento de empresas superpoderosas se travestindo de vítimas injustiçadas pela burrice do brasileiro. Me poupe!
Agora, pesa contra a Honda o fato de que ela, aos poucos, começa a contaminar-se com o "vírus" da morosidade: como goza de posição privilegiada, aos poucos vai deixando a arrogância se sobrepujar à humildade e o respeito pelo consumidor já não é mais o mesmo de antes. Assim sendo, não espere, meu amigo, que seja ela quem revolucionará o mercado com uma moto totalmente nova e diferente de tudo o que já vimos até então. Na sua zona de conforto, a Honda assumiu o papel de franco-atiradora, ou seja, só atira quando alguém representa alguma ameaça.
Este papel de inovar e transformar cabe à concorrência. Aliás, é interessante notar que marcas novatas no ramo já atentaram para esta realidade e começam a se mexer (como Kasinski e principalmente a Dafra) o que infelizmente não acontece com os "medalhões" da indústria de motos, ainda cegos, esnobes e pedantes, se portando como altas autoridades ou figuras importantíssimas quando na verdade correm por aí "com o pires na mão" para amealhar trocados que garantam sua sobrevivência. E o consumidor? Bem, esse é apenas um qualquer que dá a esmola sem se importar com o real significado e relevância deste gesto. Dão a "moeda" e seguem felizes da vida, como se estivessem mudando o mundo.
Pra finalizar (e apresentar alguma sugestão concreta), eu diria que a Yamaha (pois a Suzuki parece ser carta fora do baralho) devia investir um mínimo que seja em publicidade de seus produtos. E não falo de anúncio de rodapé de revista (como já tive o desprazer de observar), mas de campanha pesada na TV, abuso dos recursos de Merchandising e do potencial da Internet e das redes sociais (Motonline incluso).
Melhorar sua assistência técnica já existente e treinar seus vendedores e atendentes seria algo igualmente desejável. Como pontapé inicial, considerando que já se vão quase 40 anos de estagnação, eu diria que se trata de um avanço e tanto.
Artur Felipe2011-09-03 17:33:58