Longe de mim querer dizer o que um ou outro deve pensar,
mas seguindo a lógica do Correa, as motos de competição
nem deveriam ter freios...
Quanto ao susto, é normal que numa emergência a primeira
reação seja de grudar com todas as forças no freio. A
travada acontece inevitavelmente. O que muda entre o
experiente e treinado (sim, é preciso treinar o uso dos
freios) e o inexperiente e/ou não treinado é que os do
primeiro grupo percebem que exageraram e dão uma soltada
em um ou outro freio fazendo um CBS/EBD/ABS humano. Os do
segundo grupo continuam agarrados ao freio como se não
existisse nada mais no mundo.
Quanto à pergunta: "Quero saber é quem já deu uma freiada
de emergência precedida de um susto sem travar as rodas,
dos que travaram quantos conseguiram se manter em pé, e
dos que ficaram em pé quantos ficaram com dores no
corpo.", minha resposta é: nunca freei "de susto" sem
travar as rodas. Mas depois de alguns anos de experiência
passei a conseguir perceber que tinha passado do ponto e
fazer a modulação correta. As duas últimas situações que
passei envolvendo freadas no susto foram 1) na ida para o
Piracicaba Motonline Meeting quando uma Kombi entrou na
minha frente cruzando a pista. Freei, travei, soltei,
corrigi a tragetória, escolhi o lugar para acertar a
maldita, freei só o traseiro, joguei de lado e batemos de
lado na lateral da mesma ainda a uns 40km/h, imagino.
Apesar do retrovisor fora do lugar e das pernas que
pareciam feitas de gelatina, não caímos e nem eu nem
minha esposa nos machucamos. 2) Muito próximo do local do
evento da Kombi, mas no sentido contrário, um sujeito com
uma moto toda velha, caindo aos pedaços por falta de
manutenção, com garupa e sem capacete faz a mesma coisa
que a Kombi. Foi quase a mesma coisa: gruda no freio,
ops, passou do ponto, solta um pouco, ajeita a
tragetória, ih, não vai dar para parar... Joga a
traseira de lado, bem perto do dito cujo solto os freios
e saio por trás do imbecil. Foi por um fio de cabelo de
sapo, mas deu para escapar.
Então, caro Correa, permita-me discordar: é mais
importante saber parar que acelerar, pois na hora de
acelerar, não é pelo susto, é uma situação controlada e
uma decisão conscientemente tomada. Já na hora de parar
não dá tempo de pensar em nada. Tem que estar tudo no
automático.E, para isso, deve-se treinar.
E a física é uma das melhores aliadas do motociclista.
Quem quer andar bem de moto tem duas alternativas:
tentativa e erro empírica (muitos erros) ou tentativa e
erro baseada na física (muito menos erros). É importante
ter noção de todas as forças que atuam na motocicleta E
no piloto durante uma simples volta no quarteirão.
Quanto à pergunta original do tópico, considerando-se a
mesma situação para todas as três, considero que a 250
iria parar em menor espaço (claro, numa situação
totalmente hipotética e impossível onde poderíamos
desprezar o componente mais importante do sistema de
freios: o piloto) por ter uma relação entre atrito e
inércia mais favorável.
Mas se tirarmos essa pergunta da zona da teoria e
passarmos para o mundo real, a resposta é outra: para
primeiro a moto que tiver o piloto melhor preparado.