Sentem que lá vem a história...
Em 1981 em SP comprei minha primeira moto, uma CG 125 ano 80' usada com baixa km. Viajei muuuuito com a moto e também rodei muuuuito na cidade por quase 3 anos. Nunca mais andei de onibus ou taxi. Com a CG antes de um acidente que tive com ela, fui até a divisa com a Bolívia saindo de Sampa. Fiz também várias viagens para Cafelândia no interior de SP(420 km ida), inumeráveis viagens a Ubatuba e Parati. Numa das viagens a Parati, reboquei um Yamaha TT 125 com problemas mecanicos entre São Luis do Paraitinga e Ubatuba. Cheguei a fazer 47 km/litro com a CG na estrada, na época em que o governo proibiu a venda de gasolina nos fins de semana. Eu enchia o tanque de 9,5 litros e com "mão de fada" chegava até Mambucaba uns 50 km após Parati no litoral sul do Rio. A volta era garantida por uma bombona com 10 lts que ia camuflada como bagagem. Com a CG, as manutenções eram feitas em casa, principalmente a regulagem das válvulas que era de muito facil acesso. Cheguei a trocar os anéis em casa, tão facil que era desmontar o cilindro nesses motores OHV, ademais de serem indestrutíveis.
Sofri um acidente com a CG, batendo num passat que cruzou o sinal vermelho. A moto ficou com a frente moida. Entortou as bengalas o canote e torceu também a caixa de direção. Depois que me recuperei, desmontei toda a moto, levei o quadro para alinhar, troquei uma das bengalas, a outra não teve jeito e a troquei, assim como a roda, o farol, espelhos, manete e manicoto, enfim, refiz toda a frente da moto, mas não ficou boa, parecia um caranguejo andando, rs...
Dei esta CG de entrada em meados de 1983 numa Turuna zero, que vinha como novidade, balança trazeira mais longa, sistema elétrico de 12 volts e farol com lampada de 25w. O sistema elétrico era muito criticado nos modelos 125, da época em que eram todos de 6 volts. O farol delas eram equiparáveis a um lampião de querozene e dos ruins, rs...Ah! a ignição na Turuna era eletrônica, o que era uma melhora substancial em relação ao platinado que sempre saia do ponto por desgaste e/ou vibrações.
Já a Turuna, era uma moto mais moderna e confortável, e também mais potente com 14 hp anunciados. mas teve vida curta pois a roubaram 6 meses após eu tê-la tirado da concessionária.
Com o dinheiro do seguro comprei uma CG 1976 usada e com incríveis 12 mil km rodados apenas. A moto de cor laranja era a do ano em que foram lançadas no Brasil, ainda com muitíssimos componentes japoneses. Fiquei 8 anos com esta moto, e aos 96 mil km fiz a primeira retífica, desmontando a parte de cima na garagem de casa, levando o cilindro para a retífica, comprando pistão e anéis, montando tudo novamente no mesmo dia. Pela noite já estava amaciando o motor.
As vibrações do motor eu as contornava, usando uma manopla de borracha mais gorda e macia, e se fosse rodar mais kms usava calçado com solas grossas e resolvido o problema das vibrações inerentes aos motores varetados.
Foi uma pena a Honda deixar de fabricar esses motores quase indestrutíveis, com o qual ela construiu sua fama, não sei por que o fizeram. Com uma frota de motoboys enorme em nosso país, esses motores eram os mais indicados para aquentar o tranco. Com as manutenções baratas, se o proprietário tivesse sómente algumas noções de mecânica, levaria a moto muito pouco ao mecânico. Acho que isto foi um dos motivos para que tirassem esse motor do mercado, sua baixíssima manutenção, não renderia muito dinheiro às CCs e a propria montadora. Não nos enganemos, o que move as grandes empresas é o lucro e quanto maior for ele, melhor. Com esse motor e com um contrato feito com o governo na época, em que se proibia que outras montadoras fabricassem motores de 4 tempos por 10 anos, a honda fez seu nome no mercado e expandiu sua rede de consecionárias pelo Brasil afora, que favorecida pelo contrato deixaria a única concorrente com poder de ameaçar na época (Yamaha) numa situação muito difícil para poder abocanhar uma fatia maior do mercado. Hoje, a Yamaha e a Suzuki tem motores muito robustos e econômicos no mesmo nível da Honda, mas esta já tinha posto o mercado no papo, pois eliminou a concorrência por 10 anos de monopólio nos motores de 4 tempos, ademais de comer o côco do povo com campanhas publicitárias que ecoaram como um mantra na cabeça dos consumidores.
Em 1991 por motivo do roubo praticado pelo Estado no governo Collor, vendi minha cegezinha e fui morar na Espanha. Lá comprei a moto mais popular que era utilizada pelos motoboys pois era robusta e econômica, mas para mim era um motaço, uma Yamaha SR 250 Special igual a da foto abaixo.
De volta ao Brasil, depois de muitas pesquisas, em 2007 comprei uma Intruder 125 zero, e estou com ela até hoje sem problemas e com 71 mil km rodados. Quiz comprar a CG Fan justamente pelo robusto motor varetado, mas, a moto vinha tão pelada que nem cavalete central havia para fazer as manutenções básicas, sem contagiros, chassi de aço estampado e não tubular, ademais de freio a tambor na roda dianteira que hoje em dia é o fim da picada, e com preço exorbitante, nada coerente com o que o produto oferecia. Sempre fui adepto a moto de baixa cilindrada. E também, nunca comprei moto pensando em sua revenda mas sim usá-la muuuito.
Com a intruder carburada (VM 22) pretendo quando chegar o momento, fazer a retífica e continuar rodando, pois para mim vale muitíssimo mais ficar com ela do que pegar na mão a grana que vale no mercado pela tabela FIPE. Outra coisa, moto para mim, é um veículo que tem que ser muito econômico pois fica sem graça passar frio ou tomar chuva e ainda gastar como um carro popular. E, mesmo numa intruder 125, se pode pilotar com uma pitadinha de adrenalina se assim o quiser, mas eu gosto mesmo é andar no estilo tiozão, o que a torna mais econômica ainda e eu curto um montão.