Granestradeiro escreveu: pessimo começo de historia eim Ianer ??? mas possivelmente as coisas irao melhorar.
E meu amigo... vão melhorar... mas vai demorar um pouco... na verdade alguns anos...
2ª parte... continuação...
Um dia, no exato dia que eu iria fazer aniversário oito anos, com todos os meus novos amiguinhos em casa... meu pai me sentou no colo dele, era um dia quente de verão... eu estava feliz... ele me disse com essas exatas palavras... jamais esquecerei... “O pai esta se divorciando da sua mãe, eu não vou mais morar com vocês e você é o novo homem da casa, cuide bem da sua mãe e da sua irmã”. Ele deu meu presente... um ATARI... me beijou e disse ... “não se preocupe.. o pai vai vim ver vocês” e saiu porta a fora...
Ele nunca cumpriu as suas promessas.....
Com a saída do meu pai as coisas pioraram e muito... saímos do colégio particular e fomos para o público (até ai tudo bem), meu pai não pagava 1 centavo de pensão e minha mãe, que já estava desempregada a anos, tentava desesperadamente arrumar um emprego.
Eu era pequeno mas me lembro da rotina, minha mãe levantava de madrugada e saia em busca de emprego, o relógio despertava... me arrumava para o colégio, ajudava minha irmã a se arrumar, fazia o café da manhã e íamos andando para o colégio, pois não havia dinheiro para a condução, geralmente carregava minha irmã nos ombros, ela era pequenina e o caminho muito puxado.
Voltava para casa esquentava o almoço que minha mãe já havia preparado um dia antes e ajudava minha irmã com os deveres, ficávamos sozinhos o dia todo. Isso ocorreu por um loooongo tempo, e cada ano que passava as coisas ficavam piores, quase não tínhamos o que comer, minha mãe não conseguia nada fixo e decidiu fazer docinhos e salgadinhos para vender. Isso era divertido, eu e minha irmã ajudávamos minha mãe e aproveitávamos um descuido para “furtar” um docinho.
Mas a idéia de salgadinhos e docinhos não deu muito certo, tomamos muito calote, a vida estava difícil, foi então que minha mãe entrou com um pedido de pensão alimentícia na justiça.
Não demorou muito para ele, meu pai, aparecer em casa, com três sacolinhas de mercado cheia de biscoitos e novamente começou a brigar com a minha mãe exigindo que ela tirasse o processo. Eu tinha dez anos quando pela primeira vez exigi que ele saísse daquela casa e nunca mais voltasse.
Muitas vezes vi minha mãe chorando, desesperada cheia de contas para pagar e todos nós sem quase nada para comer, muitas vezes os vizinhos nos ajudavam.
Nessa altura da vida muitas perguntas sem resposta martelavam minha cabeça, muitos “por quês”... e como não tinha as respostas, ou não as compreendia, muita revolta e rancor se acumularam dentro de mim. Fiquei revoltado com a vida e principalmente com meu pai, ele nem se quer ligava, eu ficava com pena principalmente da minha irmã que era menor que eu. Tentei de todas as formas ser o pai que ela nunca teve apesar da minha pouca idade, como ela já estava grandinha, apesar de sempre magrinha, já ficava difícil leva-la nas costas, foi então que adaptei minha bicicleta BMX com aqueles suportes na roda traseira para manobras, minha irmã ficava em pé ali e segurava-se em mim, ficou mais fácil, prático e divertido ir e vir do colégio.
Adorava minha bike, vivia grudado com ela para cima e para baixo, o pessoal no condomínio vivia brincando de polícia e ladrão, pega-pega, tudo de bicicleta.
Imaginava que estava de moto, até colocava potinhos vazios de Yakult ou palitinhos de sorvete entre o freio e o pneu, assim quando andava parecia que você tinha um motor...
Com doze anos tive meu primeiro contato com uma ”COISA COM MOTOR” .... Conheci alguns amigos que tinham uma mobilete, resolvi andar e tudo na minha vida ficou mais claro.... AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAALELUIA !!!
Uma luz se acendeu e o espírito do motoca maluko incorporou em mim, não cansava de andar... o problema é que a diabrete (mobilete) não era minha e eu NEM sonhava em ter dinheiro para comprar !! rs
Esse bendito amigo era barbeiro de mais com a diabrete e um certo dia ele tomou um belo rola e arrebentou o guidão e ralou todinha a mobilete. Fiz uma proposta, reformava ela todinha se ele deixasse comigo quando eu precisasse. Adivinha !??!? Ele topou !
Passei a trabalhar em uma banca de jornal, todo dinheirinho que eu ganhava usava para arrumar a dita cuja... desmontei todinha, lixei, pintei, coloquei a peças novas, engraxei... ficou muito legal...
A diabrete me ajudava a aprender mais sobre motos e a esquecer meus problemas, descobri que era possível esquecer as coisas, pelo menos momentaneamente quando fazia algo que realmente gostava !
Continua...