Patriarca escreveu: ... Não se trata desse ou daquele veículo e sim do que as pessoas carregam dentro de si. ...
É a velha e conhecida tendência de se definir culpados da forma mais simplista e imediata. Em relação aos acidentes de trânsito, mais especificamente em relação à motocicleta normalmente se ouve coisas do tipo "A culpa é das motos." Em relação aos pedestres: "A culpa é dos carros". É a mania nacional de se taxar culpados (que nem vida própria tem), de forma a se justificar medidas surreais (mas talvez bem motivadas?), como proibir a circulação.
Como bem frisou o aderpa, já que muitos (a maioria?
), não tem educação, o que realmente surtiria efeito seria fiscalização intensa e punição efetiva, do tipo suspensão da carteira por 6, 12, 24 meses, dependendo da infração. Em algumas cidades da europa por exemplo se o sujeito cospe no chão da rua e é flagrado por um guarda, essa pessoa é multada. Mas isso é dever do Estado, mas o Estado só cumpre seu dever com participação popular (voto, pressão, mobilização * ).
Estive vendo um vídeo no Youtube, uns caras andando (aqui no Brasil), numa rodovia complicada e movimentada, fazendo curvas a 165km/h quando derrepente dão de cara com uma fila de carros parados depois de uma curva, por pouco não acaba em tragédia, o cara tirou um fino. Na minha opinião: Suspensão da habilitação por 12 meses, curso de reciclagem e laudo psicológico.
A pessoa entra no carro, fecha o vidro, liga o ar, liga o som ou então monta na moto e coloca o capacete na cabeça, a partir daí estão em seu mundo individual onde na cabeça do indivíduo ele deve ter preferência sobre todos pois tem o melhor carro, a maior habilidade ou seus compromissos são mais importantes que o dos outros. Infelizmente esta falta de espírito de coletividade e óbvia infantilidade é muito comum, tudo se torna uma banalidade como num vídeo game, uma cobrança sem sentido como já frisado.
Em relação aos motociclistas: Existe uma cultura geral que define o motociclista como a escória do trânsito, não porque são piores que os motoristas mas sim porque são em menor número entre outros motivos. Por exemplo, o primeiro veículo de muitos é uma moto, por ser mais acessível. Desta forma existe um grande número de pessoas muito jovens em cima de motocicletas, e em muitas vezes jovens aventureiros e sem miolos, ou então motoboys que ganham por número de corridas e mal equipados e formados, fórmula perfeita para tornar a moto um problema realmente preocupante (como o próprio nome deste post sugere). Apesar destes fatos a sociedade não pode generalizar e tomar essa classe de motoqueiros como ponto de partida para basear as leis de circulação, isto infringe o direito de ir e vir dos motociclistas responsáveis, pra variar os justos às vezes acabam pagando pelos irresponsáveis.
Por outro lado, não sei a situação na localidade do colega eduardoalmeida. Caso a questão dos motociclistas seja realmente
gritante, com uma taxa de atropelamentos e acidentes realmente muito alta, isto é o suficiente para que exista uma mobilização social muito alta (com alienação ou não através da mídia). Essa mobilização pode acabar em medidas radicais como a citada vontade de proibição de tráfego. O pior é que em tal caso isto pode ter validade como medida emergencial e ser realmente implementado, pois a partir deste ponto está se falando de vidas humanas e não de motos.
Aqui em BH a algum tempo atrás colocaram uma campanha dessas que vão atrás dos ônibus, colocando a figura do motociclista de forma preconceituosa e totalmente pejorativa. Achei aquilo um absurdo (e nem tinha moto ainda), a campanha não durou muito tempo, parece que foi motivada pelas empresas de ônibus da cidade. Hoje em dia existem campanhas realmente educativas legais.
* Sugestão para eduardoalmeida: O motociclista já é mau visto. O tal cara tem apoio popular e da imprensa. Desta forma se você chegar para bater de frente (sugiro não o chamar de idiota na frente da platéia), e isto gerar confusão, adivinha o que é que vai acontecer, considerando que são maioria articulada? Vão logo te taxar de motoqueiro bandido arruaceiro, então pronto perdeu de vez a voz nessa oportunidade e ainda deu mais força pra eles (OBS: pensando no pior dos casos). Tente não levar nada para o lado pessoal, seja muito político e educado (de nada adianta sair com o orgulho preservado mas a causa perdida). Este tipo de "guerra" se ganha com tática, calma e paciência. Nessa altura do campeonato acho que apenas contraposição de argumentos tem pouco efeito pois já existe uma opinião formada (mesmo que burra e manipulada). Desta forma minha opinião o mais efetivo seria começar a mostrar que nem todos os motociclistas são iguais e que para aqueles que são responsáveis o direito de trafegar deva ser garantido. Eu no seu lugar faria o seguinte (eu sei que falar é fácil, tanto é que aqui na minha cidade também está precisando algo do tipo): Contrapor a situação não com argumentos mas sim com ações. Quem sabe a fundação de um grupo organizado para reunir as pessoas que tem interesse em praticar e divulgar a direção segura? Com a criação de um site; cadastro dos participantes; controle de acidentes e quase acidentes acontecidos com membros de tal grupo; criação de uma camisa para os integrantes; uma carteirinha de participante; organização de reuniões e fórums locais educativos entre os membros e aberto à sociedade entre outros. Com uma certa organização pode-se até mesmo conseguir parcerias com MP, polícias, prefeitura etc. Parece complicado e é mesmo, infelizmente do meu ponto de vista esta seria a melhor tática para se ganhar tal "guerra". Opcionalmente tal grupo ou organização teria um assessor jurídico, mas eu sei que isto é bem mais complicado (talvez consiga encontrar um bom advogado que ame motos
.
Me desculpe, gostaria de ter sugestões mais simples mas por enquanto o que passa pela minha cabeça é isso que escrevi.
Boa sorte !