Então Matusa, em se tratando apenas das motos, de fato é difícil apontar algum valor, digamos, abusivo. Os maiores preços de pedágio para motocicletas, se bem me lembro, encontram-se na Rodovia D. Pedro (SP 065, R$ 3,60).
Entretanto, considerando toda a carga tributária que pagamos (em especial o DPVAT, 3x mais caro que o dos automóveis) e tributos que acabam sendo destinados à manutenção da malha viária (CIDE, por exemplo), além do nada irrelevante fato de que as rodovias ditas "concessionadas" são assumidas pelas empresas em estado que varia de razoável para bom (o que reduz sobremaneira os investimentos em sua manutenção e/ou reforma), eu me coloco contra os pedágios, não só para carros e motos como inclusive para caminhões e ônibus.
Será que ninguém reflete sobre o impacto destes pesados custos sobre os transportes de cargas, passageiros e mesmo sobre o turismo rodoviário?
Não percebemos que o pedágio, criado para ser um motor de desenvolvimento, acabou se transformando num agravante para o atraso econômico? Não há como negar que as estradas melhoraram, mas ao preço que pagamos, pergunta-se: será que seria necessário cobrar tanto para chegar ao atual nível de conservação? O governo já não cobra o suficiente do povo?
Um caso emblemático é o da Rodovia dos Imigrantes (SP 160): enquanto esteve sob a tutela do Estado, já era considerada uma das melhores de SP (quiçá do país). Hoje, 13 anos passados sob jurisdição da Ecovias, ela ainda ocupa o privilegiado posto, porém com o valor mais caro de que se tem notícia (R$ 20,10 por eixo). Me pergunto: onde está a vantagem?
Este mesmo raciocínio se aplica também à Bandeirantes (SP 348). O discurso tipicamente "tucano" bate sempre na mesma tecla - a preferência pelas rodovias pedagiadas, consideradas por pesquisas talvez duvidosas como as melhores do país. Ora, pelos preços cobrados por km, o que se esperava? Que estivessem na lanterna do ranking? Nada mais que a sua obrigação e ponto final. Provavelmente sem o pedágio também o seriam.
O objetivo deste manifesto não é somente estudar a isenção ou redução gradativa das taxas, mas também regulamentar os aumentos. A ARTESP, designada para fiscalizar as concessionárias, nada faz na prática, atendendo unicamente aos interesses da classe empresarial que tornou-se dona das rodovias, e no fim das contas cada empresa cobra o valor que bem entende pelo km "alugado", sem critérios pautados pela lógica ou bom senso.
Se viajo de carro pela Ayrton Senna/ Carvalho Pinto (SP 070) de ponta a ponta (125 km) gasto R$ 9,30. Por que motivo para descer a serra via Imigrantes (70 km) desenbolso mais de vinte reais? Ademais, tais estradas já foram pagas no passado remoto ou recente pelo contribuinte.
O próprio Rodoanel é o mais flagrante exemplo desta picaretagem. Construído INTEGRALMENTE com dinheiro público, foi entregue tinindo de novo à iniciativa privada, cuja tarefa de "administração" atualmente, reduzida à essência, não vai além da varrição das pistas e aparagem dos gramados. Socorro médico vá lá, mas é obrigação contratual. Ainda assim, quando de extrema gravidade, é prestado pelos helicópetoros ÁGUIA da polícia militar. Cadê então a justiça?
Assim sendo, me posiciono contra o atual modelo de concesões e faço novo apelo para que os motonliners descontentes divulguem a petição. Uma vez mais, muito obrigado pela colaboração.