Depois do almoço, leve como convém a quem vai pegar a
estrada, lavei o rosto para relaxar e tomei um café para espantar a preguiça. Fiz
alguns telefonemas e aguardei alguns minutos. Havia percorrido cerca de 300 km
e abastecido a moto na cidade. Lembrei-me de engraxar a corrente lavada pela
chuva e embarquei na BR 116, a famigerada Rio-Bahia. Rodovia em excelente estado de conservação. Pista
larga com acostamento, asfalto regular e aderente. Algumas curvas perigosas,
mas não tantas. E movimento muito tranqüilo, pelo menos de T. O. ao
entroncamento com a BR 251, contrariando as impressões que me passaram sobre
ela. Algumas fotos tiradas na BR 116...
Deixei a BR 116 para trás por volta das 17:00. Ao entrar na
BR 251 faltavam-me ainda 115 km até Salinas, onde pretendia pernoitar. Pressenti
que escureceria antes que chegasse lá e tive certeza disso quando a polícia
rodoviária me parou. Atrasei-me mais uns 15 ou 20 minutos com as verificações
de rotina e conversando com um companheiro motociclista de Muriaé/MG que acabava de conhecer.
Ele também passava pela inspeção policial.
_____________________
Um parêntese: Foi muito bom encontrar policiamento na 251, o
que é raro! A rodovia, que concentra grande parte do trânsito
sul-sudeste-nordeste, é palco de muita imprudência. Acidentes graves ocorrem lá
diariamente. E, já que estamos falando em policiamento, aproveito para
registrar que um policial rodoviário do estado da Bahia, que me parou quando
retornava do bate-volta que fiz a Alcobaça, insistiu que não era permitido usar
bauleto “a não ser em motos cargo”. Fiquei grilado, óbvio. Imaginei que o
sujeito iria me criar algum aborrecimento. Tranquilamente, argumentei que nunca
tinha ouvido falar nisso, que o acessório era amplamente comercializado por
lojas especializadas e que os motociclistas viajantes, em sua maioria,
utilizavam-no por questão de comodidade e segurança. Indaguei se a referida
restrição constava no código de trânsito, etc. Evasivamente, o sujeito insistiu
que era proibido e pronto. Que era o caso de “mandar tirar na hora”. Eu disse
que iria me informar sobre isso e me oferecia para abrir o baú para que ele
verificasse o interior. Pode ser que, apesar da roupa de viagem e das características
da moto ele tivesse me confundindo com um motociclista profissional, vai saber...
Acabou me liberando. Conclui que estava mesmo era muito mal intencionado. Ou
seja, queria levar alguma vantagem...
__________________________________________________
Voltando à estrada... os momentos mais delicados da viagem
se desenrolariam até a chegada a salinas. A chuva caiu novamente e, às 17:30,
já era quase noite completa. A visibilidade foi diminuindo, o farol se
revelando mais ineficiente que eu imaginava. Fui rodando a 60-70 km/h até que
alcancei um caminhão pelo qual fui me guiando até chegar ao destino, às 18:15. Parei num posto na entrada da cidade para obter informações sobre hospedagem e, então, encontrei outro companheiro de estrada, desta vez um conterrâneo, que me convidou para acompanhá-lo e acabar de Chegar a Montes Claros, pois, faltavam pouco mais de 200 km e ainda era cedo. Agradeci a gentileza, mas dispensei o convite, explicando que não julgava seguro porque já era noite e chovia bastante. Entrei
na cidade e me acomodei em pequeno hotel. Tive uma excelente noite.
Finalizo o relato quando sobrar mais um tempinho...
Abraço!!!!
Edii2011-10-14 23:13:05