A minha história com a Sundown começou em 2009, quando eu já estava p*** ao extremo de andar de ônibus, ter habilitação pra carro e nem em sonho ter condições de comprar um carro. Participei de um treinamento de gestão de orçamento familiar e fazendo as contas, vi que "sobravam", depois de cortar todo o possível e mais o improvável de gastos, uns R$ 200 de um salário líquido de quase 900 e gastos mensais fixos na casa dos 500 (fora os gastos variáveis...
). Bem, comecei a poupar pra comprar uma moto. De cara, já sabia que não ia ser Honda, por que não queria ser roubado na compra e depois na rua, por um ladrão devidamente caracterizado como tal.
Yamaha e Suzuki também eram fora de cogitação, pela razão de não querer financiar nem consorciar. Tinha pressa e não queria pagar juros. Então, pesquisando preços, vi que a Hunter 100cc me serviria muito bem para a finalidade: meio de transporte apenas. E cabia no orçamento mais que apertado na época: R$ 2990,00 já com o "chorinho" e ela seria minha. Comecei a juntar dinheiro. Parei de sair com a dona patroa, parei de gastar com bobagens na rua, peguei 1001 trampos freelance pra fazer (tirar fotografia em casamento, 15 anos, batizado... só faltou tirar foto em posse de síndico, batizado de Barbie e cruzamento de Poodle...), editorei revista, jornal, vendi livro usado... Enfim. Consegui em seis meses quase todo o dinheiro. Daí vendi dez dias das minhas férias e consegui o restante.
Todo orgulhoso, comprei minha primeira moto. À vista. Com meu literalmente suado dinheiro. Mas não tinha terminado de tirar a habilitação ainda. Mais dois meses e consegui a tal CNH. Nesse intervalo até ter a habilitação, a moto "dormia" na cozinha da minha casa, toda protegida. Tirava uma vez a cada dois dias pra fazê-la funcionar e pra não descarregar a bateria. O que não me livrou de dar umas bandas com ela mesmo sem carteira (façam o certo, não façam como eu fiz). Mas foi isso. num sábado antes do feriado de 7 de setembro eu a comprei. E declarei minha independência dos ônibus.
Já bati e já caí com ela. Já tive muitos contratempos por conta do amadorismo da manutenção da concessionária. Mas os bons momentos superaram isso tudo.
Desde maio/2010, quando vim trabalhar em Curitiba, ela hiberna, sob uma capa impermeável, debaixo de um telhado de garagem, à minha espera, com os exatos 1500km que tinha rodado em 9 meses de uso. O últimos ruídos do motor pra esgotar o combustível e o rodar já sem vida antes de ir pra hibernação pareciam um pedido "Me leva contigo".
Não levei. Mas eu volto! Pra noiva, pra moto, pra casa. Pra vida.