Neste sábado, o dia amanheceu bonito, com
um belo sol, bastante convidativo à um passeio de moto. Acordei tarde,
resultado de um cansaço acumulado ao longo de uma semana apertada no serviço,
com problemas de todos os tipos e das pressões do dia-a-dia. Liguei meu celular
e vi uma mensagem de um amigo chamando para um bate-e-volta. Mas já era tarde.
Pela hora ele já havia saído.
Levei a moto para abastecer,
calibrar os pneus e tomar uma ducha para tirar a poeira de quase um mês sem
lavar, neste tempo seco em cidade mineradora. Acho que a moto ficou até mais
leve depois. Tava prontinha para pegar estrada!
Voltei para casa, almocei e foi
aí que começou o incômodo. Estava meio sem lugar. Inquieto, agitado, sem saber
o que fazer. Quer dizer, saber até que eu sabia...
Após um tempo assim, a ordem veio
da minha mulher: “Por que você não vai dar uma volta de moto?” Acho que minha
inquietação estava incomodando ela, ou então eu estava muito chato para que ela
desse uma sugestão assim.
Mais do que depressa, acatei a
ordem. Sabem como é, mulher mandou tem de obedecer! Calcei as botas, peguei meu
elmo e a armadura e me preparei para a batalha...
Motor ligado, saí sem destino.
Direto para a estrada, num passeio solitário.
Resolvi conhecer uma estrada
recém asfaltada de Itabira para São Gonçalo do Rio Abaixo. Estradinha boa,
pouco movimento e com muitas curvas. Boa para treinar o contra-esterço.
Engraçado, sempre que comento que faço isso, as pessoas duvidam. Até com
motociclistas experientes . Acham que estou mentindo sobre este negócio de
virar o guidão para o lado contrário da curva. Alguns resolvem tentar, depois
me dizem, surpresos, que deu certo!
Próximo à São Gonçalo, vi uma
placa indicando a BR 381 e resolvi seguir naquela direção. De repente, me vi na
BR, num dos trechos mais perigosos de estrada no Brasil. O jeito então era
enfrentar o dragão! Atenção redobrada, segui por ali, pensando em comer um pão
de queijo no Belleu’s, uma lanchonete que, com toda certeza, serve o melhor pão
de queijo que já comi. Só que já tinha passado do lugar. Então cheguei no trevo
de acesso à Barão de Cocais, Caraça e Santa Bárbara. E por ali eu fui!
Estrada estreita e com muitos
caminhões. Como o acesso à Belo Horizonte na ponte do Rio das Velhas está
restrito à caminhões maiores, estes estão passando por esta estrada via Santa
Bárbara/Mariana para depois chegar à BH. E encontrei muitos deles pelo caminho.
Após cerca de 15 km, uma blitz da Polícia
Rodoviária e fui parado. Documentação conferida por um policial bastante
educado, hora de seguir em
frente. Sempre com a bela visão da Serra do Caraça pela
frente. Passei por Barão de Cocais, depois pelo trevo de acesso ao Caraça e
cheguei em Santa
Bárbara.
Santa Bárbara, cidade com mais de
300 anos, terra natal do Presidente Affonso Penna, ainda possui diversas casas
em estilo colonial e ruas com calçamento em pedra, tipo pé-de-moleque. É comum
ver nas ruas carros de turistas, com
placas de São Paulo e outros estados.
Parei próximo da praça da igreja
para tomar uma coca-cola, num bar com o sugestivo nome de “Uai”. Pausa para
descansar um pouco, tirar uma foto e pegar o caminho de volta.
Se na ida estava em ritmo de
passeio, admirando a paisagem, na volta resolvi andar um pouco mais rápido. Mas
com direito a ver um belo pôr-do-sol entre as montanhas mineiras. E aí sim, fiz
aquela parada estratégica e desejada para comer o famoso pão de queijo, no
Belleu’s, no trevo de São Gonçalo do Rio Abaixo, na BR 381.
Estômago bem forrado, o restante
da viagem já estava escuro. Aquele belo sol que ornava o dia, há algum tempo se
fora e eu, motociclista “experiente” que sou, estava de óculos de sol sob a
viseira do capacete! Pois é, antes de sair de casa troquei meus óculos pelos de
sol, que também tem grau, porém não levei o outro. Assim, entre não enxergar
nada ou manter os óculos de sol, optei pela segunda opção. Mas agora faltava
pouco, só 37 km.
E após uma curva e outra, cheguei em casa. Saldo do passeio: 162 km percorridos numa bela
tarde de sábado.
Pessoal, para a grande maioria de
vocês, sei que 162 km
não é nada. Uns já percorreram distâncias acima de 3.000 km numa viagem,
outros percorrem esta distância todos os dias. Mas para mim, foi o maior
passeio de moto que já fiz. Desde que peguei minha moto, há quase um ano atrás,
fiz alguns poucos passeios, distância curta, sendo que o maior deles havia sido
de pouco mais de 100 km.
Esta foi uma experiência
inesquecível. Acertar o ritmo da moto, ganhar cada curva e cada quilômetro de
estrada, sentir os cheiros da estrada, alguns bons, outros nem tanto.
Ultrapassar caminhões enormes e ser ultrapassado por alguns, sentindo a moto
vibrar com o deslocamento de ar. Ver a bela paisagem, desenhada pelo maior
artista do universo, Nosso Criador. E o melhor de tudo, chegar em casa com o
sentimento de que fez a melhor das
viagens, e seu dia foi bem vivido. Como
diz aquela propaganda: não tem preço!