Falar de mim é difícil. Senão vejamos: Uma coisa é O QUE SOU. E o que sou não sei se sou. Ora, se saber é pensar, como posso ter a certeza se O QUE PENSO SER, sou, se posso pensar em coisas que não sou? Posso achar que sou o que não sou. Ou, ainda, ser o que nem penso ser. Assim, o que eu penso ser, posso ser e não ser e posso ser sem pensar no que sou e que sou. Portanto, o que penso ser e o que de fato sou não têm uma relação necessária de identidade.
Resta apenas tentar DIZER quem sou. Mas posso fazer isso sem pensar no que sou? Se uma coisa é o que sou e outra é o que penso ser, posso dizer o que penso que sou, mas também posso dizer o que sou sem pensar se sou. Em todo caso, só posso dizer o que sou se o que sou puder existir em forma de linguagem. Senão não digo e, assim, não sou. Posso dizer que sou qualquer coisa que existe, posso mesmo dizer o contrário do que suponho ser. Mas mesmo que eu diga o que sou, o que digo que sou, só sou no que eu digo. Do contrário não sou ou não posso dizer.
Assim, não sei como dizer quem sou pois, vejam, UMA COISA É O QUE SE É, OUTRA O QUE SE PENSA SER E OUTRA, O QUE SE DIZ SER.
Entendeu? Não?! Valha-me Deus! É preciso explicar tudo!