Eu sou os brinquedos que brinquei, as gírias que usava, sou os nervos a flor da pele no vestibular, os segredos que guardei, sou a minha praia preferida, Garopaba, Maresias, Ipanema, sou o renascido depois do acidente que escapei, aquele amor atordoado que vivi, a conversa séria que tive um dia com meu pai, sou o que eu lembro.
Eu sou a saudade que sinto da minha mãe, o sonho desfeito quase no altar, a infância que eu recordo, a dor de não ter dado certo, de não ter falado na hora, sou aquilo que foi amputado no passado, a emoção de um trecho de livro, a cena de rua que me arrancou lágrimas, eu sou o que eu choro.
Eu sou o abraço inesperado, a força dada para o amigo que precisa, sou o pelo do braço que eriça, a sensibilidade que grita, o carinho que permuta, sou as palavras ditas para ajudar, os gritos destrancados da garganta, os pedaços que junto, eu sou o orgasmo, a gargalhada, o beijo, eu sou o que eu venho a desnudar.
Eu sou a raiva de não ter alcançado, a impotência de não conseguir mudar, sou o desprezo pelo o que os outros mentem, o desapontamento com o governo, o ódio que tudo isso dá, Eu sou aquele que rema, que cansado não desiste, Eu sou a indignação com o lixo jogado do carro, a ardência da revolta, sou o que eu queimo.
Eu sou aquilo que reinvidico, o que consigo gerar através da minha verdade e da minha luta, sou os direitos que tenho, os deveres que me obrigo, sou a estrada por onde corro atrás, serpenteio, atalho, busco, sou o que eu pleiteio.
Eu não sou só o que como e o que visto. Eu sou é o que requiro, recruto, rabisco, trago, gozo e leio. Eu sou o que ninguém vê.
SIMPLESMENTE UM LOUCO EM MINHA INSANIDADE PARTICULAR...