De Fazer 250 para ER6N, com pausa no ortopedista

11 Dez 2013 23:17 #1 por espinafre
Salve, senhores,

Este é apenas um relato de um motoqueiro iniciante mas já querendo dar as primeiras batidas de asas. Comecei a andar de moto em maio/2013 depois de muito tempo perdido e muito stress sofrido no trânsito caótico da capital federal. Depois de muito ler, muito pesquisar, tirei habilitação e comprei uma Fazer 250, flex, 0 km, mas desde então com vistas a pegar uma moto maior, para maior versatilidade, percursos maiores e mais personalidade.

Agora em dezembro/2013, com 13º na conta e coisa e talz, depois de dois tombos bobos na Fazer, fora algumas quedas parado que nem contam, e um tombo em estrada de lama que também não conta (porque não era a praia da Fazer -- nem a minha, apenas fui experimentar droga nova), resolvi dar logo o pulo para uma moto maior.

Depois de pesquisar um bocado, começar um curso de pilotagem (Wesley Testa, fácil de achar no Google, recomendo muito!), fazer vários testes de bunda em várias motos na faixa de 600cc, já tinha me decidido por uma Suzuki Gladius, que me vestiu muuito bem e é muito elogiada na Gringolândia (onde existe pelo menos desde 2009, quando sucedeu a SV650).

Por ironia do destino, ao lado da concessionária Suzuki aqui no DF tem uma revenda de motos usadas, e nessa revenda tinha uma moto laranja (personalidade, lembra?), 649cc, um par de cilindros paralelos, freios ABS, e um preço que não dava pra deixar passar. Fisicamente, a ER6N laranja, 2011/2011 com 6200 km rodados é do mesmo tamanho da Fazer, e de peso em ordem de marcha bem próximo: 184 kg segundo o manual. Gostei, fiz negócio, mandei rodar a burocracia, peguei a Laranja Mecânica e levei pra casa, deixando, já com uma pontinha de dó, minha Fazoca.

Nesse ínterim, um amigo pegou a doença de andar de moto e resolveu tirar uma ER6N preta da concessionária, contra meu conselho, já que ele estava (está ainda) em processo de habilitação, sem experiência nenhuma em moto pequena, que dirá uma média como esta.

Como ele não tinha habilitação, me ofereci para levar a moto dele da concessionária pra casa, com uma parada na loja de onde eu havia comprado minha moto para colocar um adesivo de aro. Na saída da tal loja, já em com destino à casa do amigo, eu com o * na mão por causa do amaciamento do motor, cera nos pneus, asfalto ainda úmido da última chuva, moto alheia e moto muito mais forte do que eu estava acostumado, fui tocando calmamente. Eis que ao passar em frente a um retorno, um cidadão de carro invade a preferencial e me atinge a meia-nau, me esfarelando um osso do tornozelo. A moto tinha 12 km no hodômetro total...

Resultado: o cidadão, muito prestativo, acionou o seguro dele para pagar a moto do amigo, que por sua vez terá mais tempo para tirar a habilitação e avaliar o perigo de andar em moto média sem experiência; eu estou de molho, se der sorte, por 2 meses com uma bota branca e muletas, e sem poder curtir/avaliar minha Laranja Mecânica, que pelo menos está enfeitando minha garagem, e apesar de engessado e com muletas, ainda consigo subir nela e ligar seu motor.

Estou rezando e orando para que minha recuperação seja rápida, para que eu possa tocar uma moto de novo o quanto antes; meus pais ficaram brabos, mas isso não vai me impedir de andar de moto de novo, pelo contrário, me serviu como mais um aprendizado em uma condução segura.

É isso aí, este é apenas um relato e desabafo, e um alerta aos que começam, para que vejam que de moto, mesmo quando estamos certos, estamos encrencados, então "todo cuidado é pouco" ainda é pouco.

Um grande abraço a todos.

P.S.: solicitei à loja fotos da Laranja Mecânica, quando puder postarei aqui.

... et cognoscetis veritatem et veritas liberabit vos.
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12 Dez 2013 18:14 #2 por Chicolau
que azar encontrar um barbeiro,qual foi a reação do amigo

fez bem de começar com uma fazer e tenha juízo com a er 6 n
anda muito , é fácil chegar nos 200km/h

F 700 GS 17/17
NÃO COMPREM PEÇAS USADAS...
São Paulo SP
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12 Dez 2013 20:17 #3 por espinafre
Me lembro que na fração de segundo que durou a percepção do carro invadindo a preferencial, a colisão, meu vôo e a aterrisagem, invoquei a plenos pulmões todos os palavrões de que me recordava... se tivesse morrido, minhas últimas palavras teriam sido o mais sonoro "filho da fruta" que você já ouviu, hehehe... Mas como sobrevivi apenas com o tornozelo machucado, e normalmente sou até bem tranqüilo, apaziguador, no dia seguinte falei com a outra parte (um senhor, que disse nunca ter sofrido qualquer acidente em 28 anos de habilitação), me desculpei pelo palavrório e recebi as desculpas dele pela barbeiragem. Nos despedimos em paz, vou ficar de molho uns dias e o seguro dele irá pagar o conserto da moto.

Último orçamento parcial que tive foi que o conserto estava em 15.900... Em uma moto que custou 23.990 (sobra de estoque de ER-6N 2012/13) isso já deve dar PT, não?

Nas poucas voltas que dei de ER-6N deu pra perceber que ela é um bicho brabo se acossado, mas até dócil se tocá-lo com carinho... não tive oportunidade de passar de 80 km/h, mas espero poder fazê-lo assim que tirar esta bota branca. É difícil passar marcha com ela, hehehe

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13 Dez 2013 15:01 #4 por diego.hudson
Caramba, que zica hein cara, mas achei legal a sua consciência em relação a motos e a necessidade de ir fazendo escadinha nas cilindradas, espero um dia chegar nas 600 tbm (a parte financeira ainda não me permite)
Boa recuperação e posta as fotos quando tiver, a ER6-N é umas das motos que cogito ter um dia

Obs: Excelente texto, muito bem escrito e bom de ler :)

Atual: Fazer 250 - Vermelha 13/14
Ex: CG Fan 150 - Preta 10/10

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17 Dez 2013 10:58 #5 por Jordão
Veja ai a importância do seguro para este tipo de moto.

Guarulhos - Sp
Ex: KAWASAKI ER6-N

Px. ?????

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17 Dez 2013 13:44 #6 por espinafre

diego.hudson escreveu: Caramba, que zica hein cara, mas achei legal a sua consciência em relação a motos e a necessidade de ir fazendo escadinha nas cilindradas, espero um dia chegar nas 600 tbm (a parte financeira ainda não me permite)
Boa recuperação e posta as fotos quando tiver, a ER6-N é umas das motos que cogito ter um dia

Obs: Excelente texto, muito bem escrito e bom de ler :)


Pois é, agora que eu ia começar a aprender a andar de motão acontece uma dessas... agora, o meu acidente teria acontecido mesmo que eu estivesse de Fazer ou de bicicleta, no caso não teve a ver com potência ou velocidade.

Não consegui as fotos com a vendedora, ela disse que não as tem mais, vou ter que tirar para colocar aqui.

Obrigado pelo elogio, procuramos caprichar no que fazemos :)

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17 Dez 2013 13:51 #7 por espinafre

Jordão escreveu: Veja ai a importância do seguro para este tipo de moto.


Pois é, Jordão, ainda assim fico meio na dúvida em relação ao seguro da moto. No caso, o seguro do carro que bateu é quem vai pagar o prejuízo; para mim um seguro como esse custaria R$ 4.000,00 ao ano, elevado em relação ao preço da moto (R$ 24.000,00). Claro que não temos como saber quando uma fatalidade dessa pode acontecer, mas com um valor desse dá pra comprar uma moto igual nova a cada 6 anos, ou fazer upgrades de motos à vista, dando sua moto atual como parte do pagamento, a cada 2 ou 3 anos. Realmente não sei se compensa financeiramente; eu particularmente tenho mais tendência a assumir os riscos, mas entendo quem prefira dividi-los com uma seguradora.

Agora, o que conta de verdade é um bom plano de saúde e, por que não? Um bom seguro de vida para, no caso de o pior acontecer, sua família não ficar desamparada.

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18 Dez 2013 12:56 #8 por Oxford
Que azar em meu amigo, mas ainda bem que não aconteceu nada de mais grave.

Quanto sua duvida sobre o seguro, prejuizos acima de 75% do valor da moto as cias seguradoras consideram perda total.

Abçs

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28 Jan 2014 11:04 #9 por espinafre
Eeeeeeeeeeee.... Voltei!

7 semanas e 2 dias após o acidente, livre das muletas, ainda em fisioterapia, com o pé ainda dolorido mas de osso já colado, voltei a andar de moto! Pensa numa alegria, numa sensação de liberdade! :woohoo:

O conserto da moto do amigo ficou em 17k (e ainda não contabilizaram as bengalas, que também ficaram tortas). O seguro não deu PT, apesar de a moto ter custado 25k.

Voltando ao assunto Fazer -> ER-6N, um incidente que me aconteceu ontem: logo após uma chuva, em uma região de pista bastante suja (pista que passa por baixo da EPTG, ligando o Vicente Pires a Águas Claras, pra quem conhece o DF), em uma redução de marcha, acho que de 3ª para 2ª, inclinado na curva, o pneu traseiro deu uma escorregada. Nada aconteceu, consegui manter o controle da moto, mas o susto foi muito grande; eu estava acostumado a fazer esse tipo de coisa na Fazer, redução de marcha em curvas sem usar os freios, mas com a ER6 descobri, quase do jeito difícil, que o buraco é bem mais embaixo.

Esse tipo de coisa tinha acontecido no curso de pilotagem que eu estava fazendo e foi interrompido pelo acidente, mas sem usar freios ou redução: inclinado na curva, a roda traseira perdia a tração brevemente e logo tracionava de novo, acho que porque passava em alguma poça de água. Acredito que essa experiência no curso contribuiu para manter a calma e o controle da moto nessa situação adversa.

Então, duas preciosas lições para quem, como eu, começa a se aventurar com motos maiores:

1. O torque da ER-6N é absurdo, e ABS não segura roda travada por redução de marcha; portanto, MUITO cuidado em curvas e pistas escorregadias.
2. FAÇA UM CURSO DE PILOTAGEM, isso pode salvar sua moto e sua pele.

É isso, depois vamos trocando mais idéias.

Um grande abraço a todos, e vamos que vamos!

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28 Jan 2014 12:20 #10 por Chicolau
cada moto tem um comportamento
o fato de ter duas rodas não quer dizer que é tudo igual
quando trocamos de moto começa novo aprendizado
e se possível não trazer o vicio da moto antiga

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28 Jan 2014 15:53 #11 por espinafre
Verdade, Chicolau, eu já sabia disso "na teoria", de tantos posts no fórum. Meu aprendizado está apenas começando, e já deu pra sentir que a prática é bem diferente, e pode ser um bocado dolorida (no corpo e no bolso, hehehe).

Estou fazendo um esforço consciente para me livrar desses vícios, com o tempo consigo.

Um abraço.

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29 Jan 2014 20:37 #12 por Chicolau
achei na net
Motos têm caráter? Ô se têm! Algumas são furiosas, outras, pacatas ou enigmáticas... O importante é que você conheça sua moto e saiba montar um arquivo na sua mente sobre como agir em cada situação. Uma boa prática quando se compra uma moto nova é buscar um lugar tranquilo e ensaiar frenagens em velocidades diferentes, percebendo como o veículo se comporta.
A mesma coisa deve ser feita com mudanças de direção, realizando o chamado slalom, um zigue-zague que lhe dará noção do equilíbrio de sua nova montaria. Frear, acelerar, frear de novo, reduzir marchas... treinar é sempre bom, assim como botar a cabeça para funcionar e absorver o ensinamento que cada quilômetro rodado pode trazer.
E tudo isso para fazer do ato de rodar com qualquer motocicleta algo seguro e, sobretudo, prazeroso e feliz, como deve ser.

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30 Jan 2014 07:56 #13 por apadua

Chicolau escreveu: achei na net
Motos têm caráter? Ô se têm! Algumas são furiosas, outras, pacatas ou enigmáticas... O importante é que você conheça sua moto e saiba montar um arquivo na sua mente sobre como agir em cada situação. Uma boa prática quando se compra uma moto nova é buscar um lugar tranquilo e ensaiar frenagens em velocidades diferentes, percebendo como o veículo se comporta.
A mesma coisa deve ser feita com mudanças de direção, realizando o chamado slalom, um zigue-zague que lhe dará noção do equilíbrio de sua nova montaria. Frear, acelerar, frear de novo, reduzir marchas... treinar é sempre bom, assim como botar a cabeça para funcionar e absorver o ensinamento que cada quilômetro rodado pode trazer.
E tudo isso para fazer do ato de rodar com qualquer motocicleta algo seguro e, sobretudo, prazeroso e feliz, como deve ser.


muito boa essas palavras :woohoo: :whistle:

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18 Fev 2014 11:09 #14 por espinafre
Conforme prometido há alguns meses, vai uma foto da Laranja




Máquina de fazer sorriso, e nem precisa espremer :woohoo:

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28 Fev 2014 23:10 #15 por espinafre
Só um update: hoje, um mês depois de voltar à ativa, o hodômetro marca 8100 km, 2000 a mais do que tinha quando a peguei, entre trânsito urbano, "viagem" bate-e-volta (finalmente Aquela Que Deve Ser Obedecida concordou em ser minha garupa nesses passeios, e também acabou se apaixonando), encontros e confraternizações.

Eu não havia mencionado, mas no dia em que me livrei das muletas (já estava sem gesso) o primeiro veículo motorizado que peguei foi a Laranja, não o carro! O pé esquerdo ainda estava dolorido, e enfrentar hora e meia com pé na embreagem estava (ainda está) fora de questão. Muito melhor 15 minutos de marcha pra baixo/pra cima, ou nem tanto assim com esse torque todo.

O consumo de combustível está na média de 18 km/l; o pior medido foi 16,5, com gasolina velha de 2 meses de molho, e o melhor, 19 depois de uma viagem entre 100~110 km/h acompanhando amigos.

Voltei para o curso de pilotagem, interrompido pelo acidente, há dois dias (pilotando uma CG 300 toda aliviada e fuçada), e percebi duas coisas: primeiro, como estou enferrujado fisicamente, está difícil até de andar de tanta dor muscular nas coxas; segundo, como a ER6 é pesada! O curso é em uma pista de kart, curta, travada, cheia de cotovelos e curvas muito fechadas; não sei se eu conseguiria fazer lá com a ER6 o que eu faço com a CG*.

Estou até considerando a idéia de comprar uma trail pequena, simples e leve, como a XTZ 125, para andar nas nossas ruas tortas e esburacadas e começar a me aventurar em trilhas (tem diferença?), o que, pelo que li, são uma das melhores escolas de pilotagem que existem.

De qualquer maneira, já descobri que a felicidade tem duas rodas e um motor :P

Um grande e efusivo abraço aos Motonliners!




*P.S.: eu sei que é CB 300, só estou alfinetando mesmo :)

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