QUARTO DIA:
Passamos o dia todo com familiares e amigos. Almoçamos na casa da Tia Izaura. Enquanto a patroa tirou uma pestana, fiz o plano de viagem, e, pegamos estrada às 15 h. Passamos em Navirai para visitar a casa de nossos irmãos de fé, Amarildo e Eliete. Depois de tomar um café, eram 18 h, quando montamos na moto e aceleramos. Já na saída da cidade tivemos que parar para ajustar o traje devido a chuva que aproximava. Abastecemos debaixo da tempestade. Parecia ser uma chuva rápida, porém, foram 170 km embaixo de uma chuva forte e persistente. Fomos traídos ainda pelo horário, no MS é uma hora a menos, quer dizer, ao entrar no Paraná perdemos uma hora, e a escuridão ficou tão intensa como a chuva. As pistas da região são ruins, sem acostamento, sujas, por ser região agrícola, e com tráfegos intensos de carretas. No trajeto pela manhã passamos por uma carreta tombada. O irmão Amarildo contou que quase perdeu um parente na rodovia. Uma carreta passou do lado, e a moto de 150 cilindrada foi atirada fora da pista. São rodovias perigosas, exigindo o máximo da moto, piloto e garupa. Pela primeira vez a nossa carga, amarrada encima do baú, entortou com o vento lateral da natureza e das carretas. Gastamos 3,5 horas para vencer os 170 km.
Chegamos às 22 h em Umuarama. Encontramos um apartamento por 40 reais para pernoite, com tv, ar condicionado, garagem e frigobar. Só não tem café da manhã.
QUINTO E ÚLTIMO DIA – O RETORNO:
Ficamos na cama até 10 h, especialmente porque ouvimos no telhado a chuva torrencial que insistia em cair. Colocamos os equipamentos e fomos a uma padaria tomar café. Ficamos até 16 horas na casa do Tio Altair, conhecido como Tadão, onde almoçamos e atualizamos os papos com toda família. No retorno passamos em Tapejara na casa de um primo, o José Rosa da Silva, que tem o mesmo nome de meu pai. Tomamos um café e confraternizamos com sua esposa e filhos. Eram 19 h, quando pegamos a BR para Nova Esperança. Cruzando o Rio Ivaí entramos no meio de uma tempestade. Foram 80 km com chuva forte, vento lateral e uma escuridão de impor respeito, numa pista sem acostamento, suja e alagada. Pela primeira vez, em toda viagem, uma carreta passou por nós, o vácuo, água e vento da chuva, balançou a moto. Se fosse uma moto pequena era tombo na certa. Mas, o equipamento é adequado para esse tipo de situação. Talvez devido a tensão, ansioso pela chegada, hoje senti o joelho esquerdo um pouco dolorido. Às 21.40 encostamos a moto no quinta de casa, de onde a retiramos no sábado à tarde, embaixo de chuva também. Depois de registrar a chegada, partimos para o abraço de netos e filhos.
AVALIAÇÃO GERAL:
Prós: no geral foi uma viagem boa, cruzamos o Rio Paraná duas vezes, e o Ivaí uma, em pontos diferentes, usando 5 pontes que permitem uma contemplação sem comparação. Com garupa priorizamos a privacidade, o romantismo. Aproveitamos para namorar. Das 4 noites, hospedamos apenas 1 em casa de parentes. Isso aumentou o conforto e satisfação da garupa, que no meio da viagem já declarava: “faz tempo que não andamos assim, sem ter nada na cabeça, sem ter nada para se preocupar. É uma sensação boa, de liberdade”.
Contra: sair com equipamento com problemas. Mesmo sabendo que a moto aguentaria o tranco, apesar do problema no cabeçote, isso me deixou pensativo no primeiro e segundo dia de viagem. Trajeto longo para poucos dias. Apesar de ter como objetivo um passeio romântico, para uma melhor qualidade de vida na viagem, se tiver com garupa, o trajeto não pode exceder a mais que 250 km rodados por dia. Rodar sempre no período da manhã. Nos últimos dois dias começamos os trajetos muito tarde o que nos obrigou a rodar a noite devido a chuva que atrasou a viagem. Não tivemos problemas, mas, em situações extremas, como essas, qualquer problema no equipamento, piloto ou garupa, se transformará numa situação de risco, um verdadeiro pesadelo, que certamente durará a noite toda.