A Dafra começa a vender, a partir da segunda quinzena de dezembro, a
nova Riva 150. Este modelo chega com a difícil missão de se tornar o
principal produto da marca, como a própria Dafra afirma. A brasileira
escolheu o produto entre os oferecidos pela chinesa Haojue, uma de suas
parceiras. A moto que virá ao país demorou 5 anos para ser desenvolvida
pela empresa.
Riva 150, o lançamento urbano da Dafra (Foto: Zhou Pengcheng/ Divulgação)
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“Trabalhamos em conjunto com a Haojue para tornar a Riva 150 realidade.
Eles nos ouviram bastante, para que o produto ficasse do jeito que os
brasileiros gostam”, explica Alexandre Gaspar, gerente de
desenvolvimento Dafra. Ainda sem preço definido, a Riva 150 se situará
entre a Speed 150 (R$ 4.990) e a Apache (R$ 5.990). Na China, a
motocicleta custará 8.000 yuans, equivalente a US$ 1.259.
O modelo chega com visual moderno e adotou uma carenagem para envolver o
painel, que obteve um resultado interessante e sem ser exagerado, como
ocorre com a Apache. Em contrapartida ao visual contemporâneo, a moto
tem só 3 opções de cores (branco, vermelho e preto) e ficou devendo a
injeção eletrônica. De acordo com a Dafra, a falta do dispositivo se
deve ao fato de o carburador Keihin atender às necessidades de seu
público-alvo, além de que incluir a injeção faria o valor da moto subir
muito.
Sobre a expectativa de vendas, a marca possui planos ambiciosos.
“Queremos o mesmo que Apache e Speed vendem por mês. No começo,
esperamos 2 mil motos por mês e, depois, o número deve aumentar”,
explica Marcos Moraes, presidente da Associação dos Concessionários
Dafra (AssoDafra). Para avaliar a nova Riva 150, o
G1 foi até a ilha de Hainan, na China.
Modelo tem linhas simples
e modernas (Foto: Rafael Miotto/ G1)
Jeitinho brasileiro
Apesar de o modelo “brasileiro”
compartilhar em quase 100% as características da moto que será vendida
na China, a Riva passou por mudanças para se adaptar ao consumidor
local, ao clima do país, às condições de uso e ao piso das ruas. As
suspensões foram recalibradas, para aguentar mais buracos, e o
carburador recebeu novo ajuste, para consumir o combustível brasileiro.
Além disso, como a média de velocidade nas ruas da China é menor, cerca
de 35 a 40 km/h, a Riva do Brasil possui uma relação de marchas mais
longa que a versão chinesa. Para completar, as cores e grafismo para o
Brasil são diferentes. “O brasileiro gosta de um visual mais limpo e
cores menos extravagantes que os chineses”, explica Gaspar.
Na ergonomia, o modelo também foi adaptado, com guidão mais alto e
pedaleiras menos retrasadas, pois no Brasil as pessoas possuem estatura
maior que os chineses.
Durante a avaliação, a Riva mostrou um bom encaixe para o motociclista.
Mesmo pessoas com mais de 1,80 m de altura, por exemplo, não terão
problemas para se acomodar sobre a moto. O guidão também proporciona uma
postura relaxada e confortável. O assento mostrou-se aconchegante, mas
sua textura o deixa um pouco escorregadio.
Acelerando em solo chinês
O teste com a Riva ocorreu em um circuito fechado. Foram 2 trechos
distintos, uma reta de 3 km em linha plana e uma pista de 5,4 km, que
simulava todas as possíveis condições de vias urbanas. O motor da Riva
150 é um monocilíndrico de 149,4 cm³, 4 tempos, refrigerado a ar, com
carburador.
Em
curvas, a Riva apresentou comportamento estranho e tendia a escapar de
frente com o piso molhado e pneus que não serão os do Brasil (Foto: Zhou
Pengcheng/ Divulgação)
Segundo a fabricante, este propulsor pode alcançar potência máxima de
12,1 cavalos a 8.250 rpm e 1,11 mkgf a 6.600 rpm. Em movimento, a Riva
150 desempenha o que promete e garante força para superar mesmo as
subidas mais íngremes. Seu motor é contido e, apesar do carburador,
mostrou estar bem acertado para rodar na cidade. O nível de vibração e
ruído é médio.
Na reta de 3 km do complexo, foi possível alcançar velocidades mais
altas e a moto se manteve estável. De acordo com a Dafra, a velocidade
máxima é de 103 km/h. Contudo, o painel chegou a registrar 115 km/h, o
que indica imprecisão do velocímetro. Com garupa, a velocidade máxima
diminuiu, registrando 95 km/h no painel.
Painel mistura elementos digitais
e analógicos (Divulgação)
Desconforto na garupa
Por sinal, a Riva não é uma
anfitriã muito receptiva com o passageiro. O posicionamento das
pedaleiras é muito alto e faz o garupa ficar com as pernas arqueadas.
Além disso, o assento não reserva muito espaço ao passageiro.
As suspensões calibradas para o piso brasileiro são firmes e absorvem
bem os impactos. Já os freios de duplo disco (240 mm) com dois pistões,
na dianteira, e o disco simples (130 mm), na traseira, não puderam ser
bem avaliados, devido às chuvas na ilha de Hainan. O piso escorregadio
fazia com que as rodas travassem com facilidade, fazendo frente e
traseira escorregarem. Em parte, isto ocorreu por causa dos pneus da
Riva.
Lanterna tem visual simples
e eficaz (Foto: Divulgação)
A versão avaliada estava com pneus tailandeses da marca CST, que serão
utilizados na China. No Brasil, a motocicleta receberá o item da
Pirelli. Assim, esta é a única diferença do modelo que o
G1
experimentou na China em relação à versão que chegará ao Brasil, além
do combustível chinês. Os pneus também comprometeram a Riva nas curvas,
território no qual mostrou o pior desempenho.
Ao entrar nas tangências, a motocicleta não proporciona uma sensação
muito natural e tende a deitar de maneira não progressiva. Isto, somado
aos pneus destinados ao mercado asiático e ao piso molhado, fazia com
que perdesse a frente de maneira constante. Quando chegar ao Brasil, o
G1 reavaliará o modelo para constatar as diferenças.
Briga boa no segmento
Com a chegada da Riva, o nicho de motos de 125/150 cm³ terá uma nova
representante de peso. Suas concorrentes diretas são Yamaha YBR 125
Factor, CG 150 Fan e Suzuki 125 Yes, que possuem desempenho e preços
semelhantes. Já a Dafra Apache corre por fora neste segmento, por seu
visual mais extravagante e posicionamento esportivo.
A CG 150 Titan está um patamar acima de suas rivais em termos de preço,
assim como a Suzuki GSR 150i. Dependendo do valor pelo que for
comercializada, a Riva 150 será uma concorrente à altura das marcas
japonesas. Os únicos deslizes da Dafra foram a não inserção da injeção
eletrônica, que seria um diferencial no segmento, e a falta do corta
corrente no punho direito.
Moto tem apenas duas opções de cores: branco e vermelho (Foto: Zhou Pengcheng/ Divulgação)
Com um acabamento bom e atrativos visuais ao consumidor, como o spoiler
inferior e as carenagens ao lado do tanque, este modelo pode ser um
divisor de águas para a Dafra no país, fazendo-a assumir o 3º posto de
vez no mercado brasileiro, posição que tem alternado com a Suzuki no
ranking de vendas. “Esta moto vem para roubar clientes de Honda e
Yamaha”, disse Marcos Moraes, da AssoDafra.
Com a Riva, Haojue quer fortalecer a marca no Brasil
Há 2 anos como parceira da Dafra no Brasil, a Haojue tem grandes
expectativas com a Riva 150 no país. Com seu 2º produto para o Brasil,
além do scooter Smart, a maior fabricante de motos da China ê o Brasil
como grande oportunidade para fortalecer as exportações.
“As vendas de início não serão importantes. Queremos mostrar ao público
brasileiro que os produtos chineses são bons e fortalecer a imagem da
Haojue. Sabemos que o Brasil é um mercado em ebulição e vemos que o
setor de duas rodas ainda tem muito para crescer”, explicou Henry L. F.
Su, gerente de exportações da Haojue.
Riva 150 atinge até 103 km/h, diz marca (Foto: Zhou Pengcheng/ Divulgação)
O
G1 questionou Su se a parceria com a Dafra não seria
uma porta de entrada para a marca ter a própria subsidiária no Brasil e
o executivo não descartou a possibilidade. “Não temos como saber o
amanhã, mas no futuro isso pode acontecer”, finalizou.